De
acordo com a wikipedia, a técnica de colagem foi inventada em 1921 por Pablo Picasso, dando origem a este quadro. Trata-se de uma técnica com tradição nas artes plásticas. Apesar de usar como fonte pedaços de coisas, a arte está, por um lado, na escolha do material, e por outro, na composição.
Na música clássica são vários os casos em que peças sinfónicas fazem citações de frases de outras obras. Os últimos andamentos das fabulosas sinfonias de Mahler, por exemplo, faziam citações de motivos dos outros andamentos. No jazz é frequente as improvisações citarem frases de outras músicas ou solos de outros improvisadores.
A electrónica trouxe à música uma nova forma de integração de material musical, usando o que poderiamos considerar uma técnica de colagem aplicada a música. Não se trata de citar frases ao nível das notas, mas sim ao nível do som. Estou obviamente a falar dos
samplers e de todas as ferramentas de manipulação de audio. Hoje em dia há uma enorme panóplia de ferramentas ao serviço da estética musical. Por exemplo, o pacote
Reason.
Uma das aplicações destas técnicas reside na dissimulação de defeitos (por exemplo, a afinação da voz, em cantoras cuja vocação não reside seguramente na voz; o mesmo tipo de afinação recusada pelo
Zé Cabra, tendo-lhe trazido os 5 minutos de fama).
Mas o que me interessa aqui são os casos em que a colagem é claramente uma colagem, e deve ser apreciada como tal: pela escolha do material, e pela composição final.
Dois exemplos:
(1) Theo Parrish pegou no standard de jazz Little Sunflower de
Freddie Hubbard e fez
esta metamorfose (amostra em mp3)(2) os
Audio Lotion criaram
esta composição (amostra em mp3) com base numa interessante palete de material sonoro. Consigo identificar fragmentos do
Daphnis et Chloé de Ravel, e umas notas da banda sonora do filme
Os Intocáveis.