quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Metamorfose V

O clip em mp3 que hoje trago não tem nada a ver com as fusões entre as estéticas de Jazz e a musica de dança. Desta vez trago a "estética" dos jogos do ZX Spectrum, daquelas sonoridades digitais de 1 bit. O clip mostra uma metamorfose de um conjunto de sonoridades desse tipo, numa estrutura de um tema. Enjoy!

[fonte: fragmento retirado de um mixtape de Carl Craig para o Compost Radio Show #88]

Recomendo, a propósito da estética do ZX Spectrum, o site do Major Eléctico, que em tempos manteve um interessante programa de rádio na defunta VOXX (we miss you...).

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Metamorfose IV

Na rubrica de hoje de Metamorfoses mostro um clip que apareceu no final da edição 84 do Soulsearching. Como uma sonoridade dos anos 50-60 de uma banda a bit jazzy se transforma num electrizante groove apresentável em qualquer pista de dança. O interessante deste clip reside, a meu ver, na forma progressiva como esta metamorfose ocorre. No fim do clip temos estruturalmente o mesmo tema, mas "pintado" com uma textura sonora completamente diferente.

Nephews Of Phela - Mula2 - White
(clip em mp3)

* Curiosidade: o White que figura como editora designa white label, ou seja, um disco de edição artesanal e distribuição restrita.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Colagem como forma de arte



De acordo com a wikipedia, a técnica de colagem foi inventada em 1921 por Pablo Picasso, dando origem a este quadro. Trata-se de uma técnica com tradição nas artes plásticas. Apesar de usar como fonte pedaços de coisas, a arte está, por um lado, na escolha do material, e por outro, na composição.

Na música clássica são vários os casos em que peças sinfónicas fazem citações de frases de outras obras. Os últimos andamentos das fabulosas sinfonias de Mahler, por exemplo, faziam citações de motivos dos outros andamentos. No jazz é frequente as improvisações citarem frases de outras músicas ou solos de outros improvisadores.

A electrónica trouxe à música uma nova forma de integração de material musical, usando o que poderiamos considerar uma técnica de colagem aplicada a música. Não se trata de citar frases ao nível das notas, mas sim ao nível do som. Estou obviamente a falar dos samplers e de todas as ferramentas de manipulação de audio. Hoje em dia há uma enorme panóplia de ferramentas ao serviço da estética musical. Por exemplo, o pacote Reason.

Uma das aplicações destas técnicas reside na dissimulação de defeitos (por exemplo, a afinação da voz, em cantoras cuja vocação não reside seguramente na voz; o mesmo tipo de afinação recusada pelo Zé Cabra, tendo-lhe trazido os 5 minutos de fama).

Mas o que me interessa aqui são os casos em que a colagem é claramente uma colagem, e deve ser apreciada como tal: pela escolha do material, e pela composição final.

Dois exemplos:
(1) Theo Parrish pegou no standard de jazz Little Sunflower de Freddie Hubbard e fez esta metamorfose (amostra em mp3)
(2) os Audio Lotion criaram esta composição (amostra em mp3) com base numa interessante palete de material sonoro. Consigo identificar fragmentos do Daphnis et Chloé de Ravel, e umas notas da banda sonora do filme Os Intocáveis.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Jazzanova @ Blue Note



Bons ventos sopram do lado da Blue Note Records: não só vemos Nicola Conté no seu catálogo, como também os Jazzanova.

É sempre bom quando se quebram as barreiras do saudosismo mais conservador de certas margens do jazz. Posição essa em contradição com o proprio espirito fundador do jazz. O jazz sempre foi um estilo que só avançou quando se ousa novas sonoridades, novas fusões, ecléctico, e sem fronteiras.

Jazzanova é a contracção jazz com bossa nova. Mas não me parece incorrecto interpretar o nome também como novo jazz.

domingo, fevereiro 12, 2006

as Other Directions de Nicola Conté



Um fantástico album com um jazz muito forte. Imperdível para quem gosta de sentir o jazz no corpo. Mais um exemplo de fluxos e refluxos entre o jazz e a electrónica: Nicola Conté, um Italiano com background de DJ e com paixão pelo jazz. Podemos ouvi-lo nesta magnífica entrevista conduzida por Michael Rütten na segunda parte de um dos seus programas de rádio Soulsearching.

Montemor-o-novo



Uma curta viagem pelo Alentejo, agora que voltamos a ter fins-de-semana com bom tempo, e algumas fotos tiradas no castelo de Montemor-o-novo.

Cumprimentos ao meu amigo Mário Nogueira, e as suas fantásticas fotos, uma das quais me fez voltar a pegar na minha Nikon Coolpix 4300 e num vulgar polarizador (de dimensões desproporcionadas para esta máquina).

Inside iPod nano

(click to enlarge)

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Comparativo iPod nano vs. Creative Zen

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A ideia da minha cara-metade era oferecer-me um iPod pelo Natal. Contudo, encontrar um iPod à venda em Portugal não é tarefa facil, pelo que combinamos que levariamos a alternativa que nos pareceu mais próxima: um Creative Zen MicroPhoto (8GB).

Felizmente que a FNAC permite a devolução de equipamento, caso o cliente não esteja satisfeito. A minha experiência com o Zen levou-me a considerar essa hipótese, e após falar com alguns amigos que usam iPod, acabei por devolver o Zen.

Foi ainda uma espera prolongada, de alguns meses, até que conseguisse ter o iPod nano na mão. Tinha reservado na FNAC do Colombo e no El Corte Inglês, e nada. Tentei reservar na FNAC de Almada, mas eles disseram que nem sequer aceitavam reservas. Por um mero impulso resolvi reservar numa pequena loja Singer, na Av. João XXI, que em poucas semanas me arranjou um. Como nestas pequenas lojas há menos procura, deve ser mais facil ter acesso a este equipamento, em comparaçáo com as eventuais gigantescas listas de reservas das FNACs e similares.

O que me levou a devolver o Zen foram o somatório de alguns glitches que com a utilização deste me fui apercebendo. Primeiro, os phones são pouco cómodos, parecem enormes, e caiem muito facilmente. Depois, por vezes crashava. Pareceu-me que coincidia com pequenas pancadas no aparelho, mas não fiquei com a certeza disso. A ideia de um disco rígido lá dentro, sensível a pequenos toques, assustou-me um bocado. Um aparelho destes, de trazer nos bolsos, de atirar para o sofá, quere-se robusto! Finalmente, e isso foi a gota de água, uma música codificada a 256kbps (um extenso mix dos Jazzanova, downloadable a quem comprou o Remixes 2002-2005) apresentava lá para o meio, sempre no mesmo sítio uns drops. Note-se que as specs do Zen dizem que a taxa máxima é para lá dos 320kbps. Acresce que não é possível ver fotos e ouvir música ao mesmo tempo, tal como não há qualquer suporte para Linux, nem sequer o disco do Zen é acessível a partir de Linux!

O iPod nano (4GB) que comprei, aproximadamente pelo mesmo preço do que o Zen, tem sido uma experiência bastante agradável. Os phones são bem mais confortáveis, ainda não ouvi qualquer drop nas músicas, pode-se ver fotos e ouvir música ao mesmo tempo (tal como jogar uns joginhos que aquilo tem), é incrivelmente pequeno, e é robusto a choques. Notei ainda uma interface mais agradável do que o Zen. E sobretudo, a roda e os botões são claramente superiores ao touchpad único do Zen. É uma boa ideia o iPod distinguir fisicamente o clicar nos botões do arrastar do dedo ao longo da "roda" com significados diferentes. Esta "roda" funciona muito bem mesmo. O Zen tem um touchpad, onde se podia tocar para activar botões, ou arrastar o dedo naquela área vertical. Ao transformar toda a interacção a um touchpad torna a coisa menos usável do que a abordagem mista do iPod (touchpad na roda, e 5 microswitches reais). Outra coisa boa no iPod é o botão de hold, que me parece significativamente mais robusto do que o do Zen (parecia que se ia desintegrar a qualquer momento...)

Contudo, não há bela sem senão, e neste caso, para além dos tradicionais elevados preços dos equipamentos Apple (onde os designers são bem pagos), há certas features de que sinto falta no iPod: o Zen dava para colocar um wallpaper, o que permitia personalizar o aspecto da GUI (e por acaso gostava bastante do wallpaper que estava a usar: a capa de uma das compilações Erotic Lounge); o Zen dava para colocar várias bookmarks em músicas, o que para mixes extensos dá jeito, para poder saltar para segmentos específicos do mix; o iPod apenas suporta guardar a posição currente da música mas apenas em ficheiros mp4!

A bateria de lítio que equipa o Zen é facilmente substituível (o Zen tem uma tampinha que ao remover-se dá acesso à bateria, como com os vulgares telemóveis), o iPod nem sequer aparenta forma de se conseguir abrir (sem estragar). Este facto é particularmente grave dado que as baterias de lítio têm uma duração de vida relativamente reduzida, para além de requererem cuidados especiais. Contudo, há uma página no site da Apple com informação relevante sobre este tipo de baterias.

Finalmente, o iPod permite algumas possibilidades interessantes em aberto, tais como a possibildiade de instalar o Podzilla, uma versão do Linux para iPod. E abrindo o iPod ao mundo open source, estamos a multiplicar por várias ordens de grandeza as potencialidades de um aparelho que, em caso contrário, estaria limitado ao (des)interesse da Apple, conforme lhe apercesse, ora apostar em adicionar mais features a modelos antigos, ora a os esquecer e fazer novos modelos. É por estas e por outras que serei sempre adepto do Open Source!

ADENDA: Esqueci-me de mencionar dois extras que o Zen tem e o iPod não. O Zen inclui um receptor de rádio FM e um microfone. O iPod não inclui estas duas features de base, contudo uma grande variedade de acessórios podem ser encontrados, por exemplo aqui. Da experiência que tive com o Zen, apesar de breve, nunca usei o microfone, e a fraca sensibilidade do rádio não me permitia ouvir muita coisa (por exemplo, era virtualmente impossível conseguir ouvir a rádio oxigénio em Lisboa).

(1ª revisão em 8/2/2006)
(2ª revisão em 12/2/2006)